Após um período, se encontram:
- Comigo aconteceu de me sentir sozinha, como nunca estive. Na verdade, não me SENTI só. Vi-me só, de fato, sem os amigos pra conversar, sem você por perto. Fiquei pensando: como você consegue?
- Eu sempre fui só. Pra mim é melhor ficar assim, sozinho. É assim que me sinto bem.
E ela então lhe falou de sua experiência solitária:
- Não sei viver assim, não estou acostumada com isso. Sempre fui de muitos amigos e o momento que vivo foi se afunilando, criando um sistema no qual me vi sem ninguém pra partilhar nada mais. E tendo a isolar-me mais. De tudo. Acho que estou começando a te compreender. Não quero partilhar, ficar falando da minha dor, dos meus problemas. Quero que me esqueçam...
Isso é covardia? Você acha?
- Não sei se é. Se for, sou um covarde, porque sempre fiz assim. Mas é porque cada pessoa tem sua maneira de lidar com seus "perrengues". Vejo também que, não falar tanto é uma maneira de não se dar mais importância do que tem esta ou aquela questão.
- É, você tem razão. E tem mais: as pessoas pensam de maneiras diferentes. E muitas vezes, nos importamos demais com coisas que não merecem tanta energia. É o caso de separarmos o que vale a pena ou não.
- Sim. Isto eu quero pra mim ou isto não quero. Fazer uma triagem.
Pensativa, ela diz:
- Estava com saudade de conversar com você.
- Eu também senti falta disso, responde ele.
Se abraçam e ficam alí, sem dar importância pra mais nada. Separam o que vale a pena e deixam-se ficar, um próximo do outro.
(continua)
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