sábado, 5 de dezembro de 2009

Notícias em uma carta


A carta é escrita porque é o único meio de dar vazão. No mundo das inúmeras novidades tecnológicas e "internéticas", só a carta comporta a mensagem, de forma simples, sem perder a necessária discrição. Até porque ela não precisa ser enviada... Pode-se extravazar tudo nela e deixá-la lá, quieta, um registro apenas.
A carta:
'Olá,
há tanto tempo sem te ver, sem falar com você, que te escrevo pra te dar notícias e saber das suas.
Como vai indo? Como estão as coisas? Muito trabalho? Sei que é momento de prazo curto pra cumprir seus compromissos. Está conseguindo? E o trabalho está ficando bom, ficou como queria?
Eu estou bem. Como sempre trabalhando muito, mas como você já deve saber, mais feliz no trabalho, pois estou onde queria e não perco a motivação pra matar o leão de todos os dias.
Te conto que estou cuidando de mim, mente, corpo, alma e coração.
Aos poucos vou me firmando, melhorando e cada uma dessas dimensões ajuda no fortalecimento da outra.
Estou com o tratamento em dia: remédio e terapia. Cuido do corpo, pois já te falei que a idade não perdoa (rs). A vida religiosa melhorou, está mais madura, mais realista. Assim, hoje vivo uma fé que mostra as minhas limitações, não só a dos outros, e nem por isso perco a esperança de caminhar, busco e aceito a graça.
O coração... obviamente está machucado, mas me diga quem nesta vida não tem uma ferida no core? Aprendo todos os dias, como conviver com essa dor, e até que estou me saindo bem. Sei que ela existe (e ela não se deixa esquecer!) mas já entendi que minha vida não se resume a ela. Digo, a dor não é maior que eu.
Você me ensinou um pouco isso, sabe né? Vi seu exemplo de receber a dor, matar no peito, e prosseguir. Vi isso mais de uma vez. Não é novidade que procuro aprender com os que me cercam. E se é pro meu bem, porque não incorporar à minha vida, não é mesmo? É aprendizado, é amadurecimento.
Outro dia lembrei-me de você: quando não sabia o que fazer com o amor que tenho pensei: "Vou guardar na gaveta. Não posso acabar com ele, mas posso isolá-lo e quem sabe, sem receber a luz e o cuidado que um amor necessita, ele diminui e morre..."
Veja só você... antes eu não te entendia... e não é que você me ensinou o remédio pra curar a grave ferida que se abriu naquele aniversário? E faço questão de não esquecer aquilo. Não porque eu guarde mágoa ou rancor, mas porque dalí também tiro forças pra fazer o que devo fazer.
Mais uma vez leio a lição que diz: faça aquilo que pode fazer, o resto a própria vida se encarrega de dar andamento. Esta eu custei pra aprender... mas já tô pegando a prática!
Mas escrevi mesmo pra tentar matar um pouco da saudade. Sinto uma enorme falta das nossas conversas... tantas conversas, durante tanto tempo. Sabe, às vezes, quando estou feliz com alguma coisa ou comigo mesma, porque estou melhor a cada dia, sinto tanta falta de te contar, de partilhar. Sei que você ficaria feliz junto comigo!
Aliás, não pudia deixar de te contar: decidi estudar o que sempre quis. Começo na próxima semana. Imagina como estou feliz de fazer o que gosto, de me dedicar ao que me faz tão bem! Sim, pode me dar os parabéns, rsrs. Engraçado como mesmo tão longe você ainda me move pra frente!!! Gosto mais ainda de você por isso.
Quem sabe a gente consegue se encontrar, se falar... (Nossa, acho que precisaríamos de mais um dia pra dar conta de todas as notícias!) Como eu disse, não sabemos o que a dona vida tem reservado pra nós.
Me despeço, com muita, muita saudade; com tristeza pela distância, mas com alegria por você existir e por mim, que estou me comportando bem, rsrs.
Beijo-te!
Até...'

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