sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Enquanto a Zélia canta Catedral...

Madrugada 02:31

Sono comprometido. O choro veio, depois de semanas... mas sei que ainda tem mais. Que mal há? A terapeuta me dissse que é pra chorar mesmo.
O que escrevo aqui provavelmente será o "divisor de águas", o marco onde coloco tudo o que quero colocar, deixando de lado receios e pudores. O nome disso é liberdade. Independência, coisa que gosto tanto!
O que quero e o que faço aqui é me libertar de tudo o que me impede de ser eu mesma, porque "eu mesma" sou aquela que não sei quem é.
O que quero e o que faço aqui é me libertar de tudo o que me faz mal e me joga pra baixo.
O que quero e o que faço é um ato de amor a mim mesma e a decisão de chutar a porta pra ganhar espaço pra conviver comigo mesma: conectar-me comigo mesma. Eis a questão!
Lá atrás ficou uma vida inteira... estruturada, calcada nas boas intenções, nas tentativas de acertar, de seguir um rumo socialmente aceitável, uma vida com promessa de ser a melhor. Ninguém vive de promessas...
Mas também ninguém me prometeu...
Lá atrás ficaram sonhos, objetivos, ilusões, desilusões, dores (muitas!), erros (tantos!), progressos, méritos, vitórias, lutas e lutas e lutas, lágrimas e risos - sendo que o riso... anda perdido há muito tempo.
Chutei a porta... pra entrar? Ou pra sair?
Saí do mundo, de tudo o que me cercava e entrei em mim. Percorro agora caminho novo: de fora pra dentro. Soltei as muletas (falo tanto delas nas sessões da terapia...). Agora ando sozinha, sem apoio de bengalas, muletas ou afins. Como estou caminhando sem tudo isso? Claudicando (porque não?), ora firme, ora paro, ora me canso, ora avanço mais, ora corro, ora me atraso... mas não vou parar... Não / vou / parar...
Tudo o que vivi me trouxe até aqui. Tantas pessoas participaram de tantos momentos. Nada disso foi jogado no lixo. Mas neste novo caminho eu não carrego mais. Não trago mais as pessoas. Rompi.
Olho em volta e vejo que os últimos meses foram de rupturas. Eu rompi. Romperam comigo. Muitos laços vem se desfazendo há muito tempo, num processo de "soltar as muletas" que começou talvez há anos, não há semanas.
Quantos cortes? A saída da banda JOHS; o rompimento com a comunidade de anos de trabalho; o divórcio; a nova moradia; a morte da avó/mãe;  os amigos que se mudaram pra trabalharem e servirem em outras cidades, estados, países; a falta de tempo de outros que ainda moram bem perto; as separações bruscas e duras, as "trocas oportunas"; as perdas definitivas de amizades, enfim, uma carga de danos.
Abdico deles. Abdico em meu favor.
Eu recomeço. Não lá de trás, voltando, mas recomeço daqui, de onde cheguei trazendo, essa carga.
Levo só o amor próprio - FUNDAMENTAL,  não o amor que mendigo, que preciso, que imploro ou do qual dependo. Levo o amor que RECEBO.

(continua, é claro)







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